A Conjuração Hoje
Hoje, a Conjuração Trash não se define como produtora, mas como um grupo de amigos que fazem cinema. Conceitualmente, seu trabalho pode ser enquadrado como Cinema de Bordas, termo desenvolvido pela pesquisadora Bernadette Lyra para designar produções que operam fora dos centros industriais e das normas hegemônicas, e também como Cinema de Guerrilha, pela urgência de filmar com os meios disponíveis, sem esperar autorização, orçamento ou condições ideais.
Os projetos nascem de ideias autorais dos próprios membros. Roteiros, direção, produção e filmagem permanecem sob responsabilidade da equipe. A atuação conta com amigos e atores de teatro próximos ao grupo, mantendo o caráter colaborativo e afetivo.
As referências são múltiplas e ecléticas, passando por ficção científica, comédia absurda, cultura gótica, cyberpunk, retrofuturismo, cinema noir e fantástico. A inspiração pode surgir de um conceito, uma imagem, uma situação cotidiana ou de um impulso difícil de nomear.
Ao longo do tempo, houve uma natural dispersão das atividades. Faz alguns anos que não realizamos novas produções audiovisuais formalmente assinadas como Conjuração Trash. Isso não significa imobilidade. Os integrantes seguem atuando em diferentes frentes criativas, atravessando linguagens como teatro, dança, performance, artes visuais e vídeo, mantendo vivo o impulso que sempre moveu o grupo.
Em Chapecó, Cristiano, Saulo Bazzi e Lara seguem envolvidos com o Festival de Cinema dos Escoteiros Ximbangue. Em Florianópolis, Saulo e Patricia ministram oficinas de cinema esporadicamente e participam de projetos com outros grupos de teatro, dança e audiovisual, enquanto outros membros continuam desenvolvendo projetos autorais e colaborativos em diferentes contextos.
A Conjuração segue existindo como sempre existiu, fazendo cinema porque precisa, aprendendo enquanto faz, errando com prazer e resistindo, silenciosamente, à ideia de que só existe um jeito legítimo de criar.